"Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem" (Mário Quintana)

24 agosto, 2010

Do escritório de advocacia para a cozinha dos Geigers

Meu nome é Samantha, tenho 29 anos. Nunca assei um pão na vida. Não sei pregar botão. O que sei é reestruturar um contrato financeiro e economizar 30 milhões de libras para meu cliente.

Samantha Sweet é uma advogada poderosa em Londres. Trabalha dia e noite, não tem vida social e só se preocupa em ser aceita como a nova sócia do escritório. Ela está acostumada a trabalhar sob pressão, sentindo a adrenalina correr pelas veias. Até que um dia... comete uma grande mancada. Um erro tão gigantesco que pode destruir sua carreira. Samantha desmorona, foge do escritório, entra no primeiro trem que vê e vai parar no meio do nada. Ao pedir informação em uma linda mansão, é confundida com uma candidata a doméstica e lhe oferecem o emprego. Os patrões não fazem idéia de que contrataram uma advogada formada em Cambridge, com QI de 158, e que não tem a menor noção de como ligar um forno! O caos se instala quando Samantha luta com a máquina de lavar... a tábua de passar roupa... e tenta fazer cordon bleu para o jantar... Mas talvez não seja tão incapaz como doméstica quanto imagina. Talvez, com alguma ajuda, ela possa até fingir. Será que seus patrões descobrirão que sua empregada é de fato uma advogada de alto nível? Será que a antiga vida de Samantha irá alcançá-la? E, mesmo se isso acontecer, será que ela vai querer de volta? A história de uma mulher que precisa diminuir o ritmo. Encontrar-se. Apaixonar-se. E descobrir para que serve um ferro de passar..

Como começar a descrever minha relação com esse livro? Estou com ele em casa há mais de um ano. Encostado, abandonado, desprezado. Li o primeiro capítulo logo que minha amiga me emprestou, não peguei embalo e deixei de lado. Há dois dias eu implorava por um livro, havia acabado de ler Orgulho e Preconceito e precisava com urgência de outra coisa pra ocupar meu cérebro e parar de me fazer pensar em provas. Então recorri a esse torturado exemplar que minha mãe já havia me dito que era excelente, mas eu sempre ignorei.

Retiro tudo que eu havia dito e pensava de ruim sobre Samantha Sweet. Mais uma vez Sophie Kinsella acerta no ponto! Depois de Becky Bloom e Emma Corrigan, eu achava que ela não poderia se superar, doce ilusão. Samantha me proporcionou duas noites e uma manhã de muita risada e diversão! (momento TV Xuxa) Adorei esse livro, com toda certeza eu recomendo e digo mais, vale a pena reler! Não dá pra cansar de Samantha nem da sua total ignorância em matéria de lar no início do livro. Claro, também não dá pra cansar de Nathaniel e sua pele dourada.

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Samantha Sweet é uma advogada daquelas que não tem vida social. Capaz de virar noites e noites seguidas por um caso, ela divide seu tempo em espaços de 6 minutos pra tudo. Quando digo pra tudo, é PRA TUDO mesmo. Ela nunca comete erros e nunca deixa algo incompleto. Vida social? Pra quê? Isso é coisa para pessoas que não tem trabalho. Samantha está sempre muito ocupada para essas coisas! Família? Eles também vivem ocupados. Nem a mãe nem o irmão puderam comparecer ao jantar de aniversário de Samantha (que eles três tinham marcado) - e ela própria quase não aparece - pois estava enrolados em seus respectivos trabalhos.

Isso tudo muda de situação quando Samantha se vê na maior enrascada já feita por ela. Imagine só, no dia que ela vai virar sócia da empresa, Samantha descobre que cometeu um dos erros mais básicos de um estagiário e deu um prejuízo para a Carter Spink de 50 milhões de libras. Desesperada, Sam foge e vai parar sabe-se lá onde. Com a cabeça latejando de dor, ela bate na porta de uma casa para pedir um comprimido contra dor de cabeça. Os donos da casa inocentemente confundem a advogada com uma candidata a vaga de empregada doméstica deles. Impressionados com as qualidades que ela se diz ter - orgulhosa, mente quando vê que há a possibilidade de eles tentarem ver outras pessoas para o cargo -, eles a contratam e dão o emprego para a pobre coitada.

Vale ressaltar que Samantha não sabe fazer nada na cozinha e não sabe nada sobre limpeza e organização doméstica. Sua mesa na empresa é a mais desarrumada e com tudo solto pelos cantos. Uma bagunça que para Samantha está totalmente sobre controle.

"Ela pega a tábua comigo e em dois movimentos ajustou exatamente na altura certa.

- Acho que você usava um modelo diferente. - acrescenta com certa sabedoria enquanto ela se trava de novo. - Cada uma tem seus truquezinhos.

- Sem dúvida! - digo agarrando-me com alívio a essa desculpa - Claro! Estou muito mais acostumada a trabalha com uma... uma... Nimbus 2000.

Trish me olha surpresa.

- Essa não é a vassoura do Harry Potter?

Porra. Eu sabia que tinha ouvido em algum lugar.

- É. É - digo finalmente, com o rosto em chamas. - E também uma conhecida marca de tábua de passar roupa. Na verdade, acho que o nome da vassoura foi dado... ah... por causa da tábua de passar."

Mas isso não é nada quando se tem determinação! Ela é Samantha Sweet senhoras e senhores, e santa macarronada, Batman, ela consegue! (expressão do livro que me fez rir por 5 minutos) Felizmente para Samantha, ela conhece Nathaniel, o jardineiro super gostoso que tem uma mãe que se dedica a ajudar Samantha na difícil missão de sobreviver em uma cozinha sem ter de usar seu salário para conseguir comida na tele-entrega dos restaurantes mais caros e refinados de Londres.

"Giro e quase salto para fora da pele. Há um homem à porta da cozinha. É alto, forte e profundamente bronzeado, com olhos azuis intensos. Seu cabelo é de um castanho ondulado com pontas descoradas. Está usando jeans velhos, camiseta amarrotada e as botas mais enlameadas que já vi."

Leia-se: um filé grelhado delicioso e suculento. Quando o vê sem camisa pela primeira vez, ela sente uma súbita paixonite de 14 anos de idade (mesmo ela tendo 39) que a faz ficar toda boba e agir como uma garotinha retardada que nunca havia se apaixonado de 14 anos - como diz a própria Sam. Ela chega ao ponto de decadência de treinar como chegar junto e seduzir na frente do espelho do quarto.

"Experimentalmente me inclino para o reflexo, estendendo as mãos ao mesmo tempo.

Estou parecendo Jesus.

Tento acrescentar um riso de flerte.

- Ha, ha, ha! - exclamo em voz alta. - Você me mata de rir!

Agora pareço um Jesus alegre."

Sam está determinada a sair com ele e contar sobre seu passado e do "relacionamento difícil" que a fez fugir para lá, até que ela descobre algo que abala completamente sua confiança e deixa sua cabeça a mil por hora. Nathaniel odeia advogados. Ela vai precisar usar todo o seu QI de 158 para conseguir fisgar esse moreno-alto-bonito-e-sensual, e ainda mais quando descobre que sua demissão foi totalmente injusta. Ela precisará provar isso e recuperar sua dignidade. Mas será que os sentimentos por Nathaniel estarão acima da vontade de ser advogada e ainda mais, sócia da firma? Será que ela é capaz de trocar um salário de 500 libras por hora para viver como empregada doméstica? Samantha tem uma grande decisão pela frente: sua vida profissional, sem amigos verdadeiros, sem fins de semana livres, sem vida social, sem tempo para si, porém com reconhecimento e respeito dos seus colegas de trabalho; ou sua vida social, com um namorado, amigos, simplicidade, uma horta e pilhas de pratos para lavar e roupas para passar.

Um romance envolvente e cheio de reviravoltas criado por Sophie Kinsella em mais uma de suas Chick-Lits que nos fazem perder tempo e dinheiro, mas nos proporcional ótimos momentos! Super indico esse livro para todos os que gostem do gênero. Mesmo que o final seja o mais piegas e clichê o possível, o livro é bom. Samantha Sweet, executiva do lar, vai conseguir fazer você ver como as pequenas coisas podem ser as mais valiosas.

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